terça-feira, 25 de março de 2014

De berço africano, a palavra ZUNGU soa forte e ecoa quando bradada. Isso porque ela carrega personalidade e uma história de resistência. No século XIX, a cidade do Rio de Janeiro, centro
cultural e econômico do país, abrigava desde barões da alta sociedade até os escravos africanos provenientes da Bahia que possuíam organizações e sistemas de relação próprios. A base da alimentação desses escravos era o angu, preparado e vendido pelas mulheres negras que utilizavam uma mistura de fubá e miúdos de carne de boi ou porco no preparo. Com o dinheiro arrecadado, as “tias negras” começaram a comprar moradias no bairro da Saúde, região portuária da Cidade Carioca. Rapidamente essas casas de angu se tornam o centro da sociedade afro-brasileira. Nos encontros que ocorriam lá surgiram as sementes que deram origem a verdadeiras paixões nacionais como o samba, o choro, a capoeira, a nossa ginga e malandragem. Esses autênticos caldeirões culturais, rapidamente chamaram a atenção da sociedade que começou a reclamar do barulho, do zum zum zum que rolava nessa região da cidade, que abrigava diversas casas de arquitetura incomum empilhadas entre ruas estreitas formando um verdadeiro labirinto. É aí então que surge a expressão ZUNGU, como forma de cultura urbana marginal, sagaz e inventiva. ZUNGU é o rumor de muitas vozes.

Quilombo pedra familia Conceição:

Quilombo pedra familia Conceição:








segunda-feira, 24 de março de 2014

Zungu quilombola em rodas de Samba na Pedra do Sal as segundas e sextas feiras



Depois da Lapa, Gamboa vira mania entre os cariocas

Região da Zona Portuária é mais um espaço revitalizado na cidade

Rodrigo Cabral
Andréa dos Santos, 37 anos, veio do Méier. Monique Freitas, 27, da Penha. Já as amigas Fernanda Marques, 25, Claudia Oliveira, 35, e Fernanda Oliveira, 27, saíram de Niterói. Enquanto isso, Julia Blendeck, 30, atravessou o oceano: alemã, é natural de Bremen, no norte do país. Todas para o samba da Pedra do Sal, na Gamboa. A apenas dois quilômetros da Lapa, a região já não é mera alternativa para a boemia e efervescência cultural carioca: é destino certo para o fim de semana de gente que se aglomera para conferir as atrações do bairro e adjacências.


Fernanda Oliveira, Fernanda Marques e Claudia Oliveira na Pedra do Sal
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia

Assim como as democráticas rodas de samba e eventos de outros ritmos da Pedra do Sal, que abrem alas para pessoas de todos os cantos e estilos, espaços como o Galpão Gamboa e o Museu de Arte do Rio põem a Zona Portuária no alto do pódio da diversão carioca. “Temos várias atividades, como teatro e música, no Galpão Gamboa. Queremos abrir possibilidades não só para quem é daqui, mas para pessoas da cidade inteira”, avisa o ator Marco Nanini, que dirige o local ao lado de Fernando Libonati.
À beira do Morro da Conceição, o samba rola em cadência democrática. “Pode vir de sapato, chinelo, bermuda ou roupa social. Ninguém te olha diferente por causa da aparência”, festeja a estudante de biologia Fernanda Marques, durante o Samba de Lei, que reúne cerca de 1.200 frequentadores toda sexta-feira. Às segundas, é a vez da Roda de Samba da Pedra do Sal, mais tradicional: os instrumentos não têm microfones e só entra samba de raiz. “É como as rodas de antigamente”, define Walmir Pimentel, um dos organizadores.
No clima descontraído da Pedra do Sal, ao falar com a reportagem, a alemã Julia Blendeck pediu para a amiga Bruna Castro traduzir: “Me ensina samba, gatinho”. E a gandaia tem como combustível achados gastronômicos. Belini de Souza faz sucesso com o Feijão Bombado (R$ 7). “Em uma noite, vendo de 120 a 150 pratos”, conta.
Ao lado, na Rua Argemiro Bulcão, delícias afro-brasileiras saem das panelas de Marilucia Luzia, matriarca de uma família da comunidade quilombola da Pedra do Sal.
ZUNGU QUILOMBOLA
A barraca de comida afro-brasileira é comandada por Marilucia Luzia, matriarca de uma das famílias da comunidade quilombola da Pedra do Sal. Um cartaz explica o sentido histórico do nome: casas de angu do século XIX eram conhecidas como casas de zungu. O prato custa R$10. Rua São Francisco da Prainha-41-(21-22532472)( 21-973820579) zunguquilombola@gmail.com, aceitamos encomendas para eventos, fazemos eventos externos, Levamos o zungu para sua roda de samba